Desde o lançamento de Death Note, uma das maiores discussões entre os fãs é: Kira estava certo?
Light Yagami, ao descobrir o Death Note, decide usá-lo para eliminar criminosos e construir um “novo mundo” livre do mal. Sua meta inicial parece nobre, mas rapidamente se transforma em um conflito entre justiça e tirania.
A obra de Tsugumi Ohba e Takeshi Obata se destaca por provocar uma reflexão sobre ética, poder e consequências, mostrando como até as melhores intenções podem gerar resultados perigosos.
A eficácia das ações de Kira
No Capítulo 108 do mangá, Matsuda expressa sua dúvida moral:
“Ainda acho que Kira estava errado...Mas se não fosse por ele, a sociedade não seria como é hoje.Mesmo agora, as pessoas ainda têm medo de cometer crimes.Não posso dizer que ele estava totalmente errado.”
Essa fala resume o dilema central da obra: Kira estava errado em seus métodos, mas sua presença deixou um impacto duradouro na sociedade, criando um mundo mais cauteloso e controlado pelo medo.
O preço da “nova justiça” de Kira
A justiça de Kira é construída sobre o medo absoluto. Embora traga resultados imediatos — como a queda nas taxas de criminalidade —, esse tipo de paz se sustenta em um equilíbrio frágil, pois não transforma a natureza humana, apenas a reprime. Ao se declarar um “Deus”, Light perde gradualmente sua humanidade, e seu ideal de justiça se torna um instrumento de dominação, e não de equilíbrio.
Esse mesmo dilema é abordado em Naruto, através da filosofia de Pain (Nagato), que acredita que somente o sofrimento e o medo poderiam ensinar a humanidade a valorizar a paz.
No entanto, como o próprio enredo sugere, uma paz construída sobre o medo possui prazo de validade — com o tempo, o temor se enfraquece, e o ciclo de violência tende a recomeçar.
Essa ideia reforça que a paz imposta jamais substitui a paz compreendida.
Em breve, traremos um artigo completo apenas sobre Pain e sua filosofia.
O medo como instrumento de controle
Kira e a realidade: reflexões possíveis
Conclusão: entre justiça e tirania
Kira não é um vilão simples, nem um herói puro. Ele representa uma justiça extrema, que busca eliminar o mal a qualquer custo, mas acaba se tornando parte dele. Matsuda, ao reconhecer que Light possuía boas intenções, evidencia o dilema central da obra: a linha entre justiça e autoritarismo é tênue — e, muitas vezes, quase imperceptível.
Em última análise, Death Note não oferece respostas absolutas, apenas questionamentos profundos sobre a natureza da justiça, do poder e da moralidade. Talvez essa seja sua maior força: nos levar a refletir sobre o preço de uma justiça absoluta e o quanto estamos dispostos a abrir mão de princípios éticos em nome de um mundo aparentemente mais seguro.
Afinal, cada sociedade enfrenta seus próprios dilemas e desafios. Em certos contextos, as soluções mais eficazes podem ser controversas, difíceis ou até desconfortáveis — mas o verdadeiro teste está em equilibrar firmeza e humanidade, para que o resultado final realmente beneficie o povo sem destruir os valores que o sustentam.
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