Releitura Artística: Piedmon e Pennywise
Antes de adentrar na análise da série, gostaria de trazer para vocês uma releitura de um desenho que fiz em 2017, inspirado em Piedmon, outro palhaço icônico da ficção que, assim como Pennywise, tem como característica principal atormentar crianças.
Essa nova versão dialoga diretamente com o clima sombrio e perturbador reforçado por Welcome to Derry, conectando diferentes universos através do terror simbólico desses personagens.
Introdução
A série IT: Welcome to Derry finalmente chegou ao fim e entregou uma das expansões mais interessantes do universo criado por Stephen King. Ao longo de seus 8 episódios, a produção aprofunda elementos apenas mencionados nas adaptações cinematográficas, conectando o passado da cidade de Derry à mitologia mais ampla do autor.
Mais do que um simples prelúdio, a série funciona como uma peça complementar ao livro IT – A Coisa, trazendo novas informações sobre a criatura, a cidade e conceitos fundamentais como o Brilho (The Shine).
Ambientação e Clima: O Maior Acerto da Série
Um dos maiores pontos fortes de IT: Welcome to Derry é sua ambientação. A reconstrução da cidade nos anos 60 é extremamente eficaz, tanto em cenografia quanto em figurino e fotografia. O clima opressor de Derry está presente desde os primeiros episódios, reforçando a ideia de que a cidade é quase um personagem próprio dentro da narrativa. Vale destacar também a abertura da série com suas ilustrações nos estilos de propagandas dos anos 60, somadas a música: A Smile and a Ribbon.
As cenas iniciais são especialmente marcantes, estabelecendo rapidamente o tom de horror psicológico e social que a série propõe desenvolver.
Mitologia de Stephen King e Expansão do Brilho
Outro grande destaque é a forma como a série aprofunda a mitologia de Stephen King. Sem entrar em spoilers, a trama explora melhor:
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O Brilho (The Shine) e suas variações
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A influência da criatura sobre a cidade
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A relação entre eventos traumáticos e ciclos de violência
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A origem e natureza cósmica do antagonista
Esses elementos aproximam Welcome to Derry de outras obras do autor, reforçando a ideia de um universo compartilhado, algo que fãs de longa data certamente vão reconhecer.
Elenco e Atuações
O elenco entrega atuações consistentes e, em alguns momentos, surpreendentes. Os personagens são bem construídos e ajudam a sustentar o clima de tensão constante, especialmente nos episódios iniciais e nos momentos-chave da trama.
Ritmo Narrativo: O Principal Ponto Fraco
Apesar de seus muitos acertos, a série sofre com um ritmo irregular. O início é bastante forte e cria uma expectativa de progressão constante, mas essa crescente demora a se concretizar em alguns episódios do meio da temporada.
Esse problema é semelhante ao observado no filme IT (2017): uma introdução impactante seguida por um desenvolvimento mais contido, que só volta a ganhar força próximo ao final.
Destaque do Final da Série (Contém Spoilers)
Atenção: a seção abaixo contém spoilers do final de IT: Welcome to Derry.
No desfecho da série, um diálogo específico adiciona uma camada importante à mitologia apresentada. Durante o confronto final, Pennywise revela ter conhecimento de eventos futuros, afirmando que Marge se tornará mãe de um dos integrantes do grupo responsável por sua derrota anos depois.
Essa revelação reforça a ideia de que Pennywise é um ser cósmico e atemporal, para o qual passado, presente e futuro coexistem. Ao mesmo tempo, a série sugere limites claros para esse poder: mesmo ciente de seu destino, a criatura parece incapaz de alterar diretamente o curso dos acontecimentos.
A narrativa indica que Pennywise não é verdadeiramente onipresente nem capaz de interferir livremente em outras linhas temporais. Suas tentativas de intervenção acabam reforçando o próprio ciclo que leva à sua queda, dialogando diretamente com os temas recorrentes de Stephen King sobre repetição, trauma e destino.
Considerações Finais (Sem Spoilers)
No geral, IT: Welcome to Derry é uma adição sólida ao universo de Stephen King. A série se destaca pela ambientação, pelo aprofundamento da mitologia e pela tentativa de ir além do horror convencional, apostando mais no terror psicológico e na construção de mundo.
Mesmo com alguns problemas de ritmo, o saldo é positivo, especialmente para fãs do livro e do universo expandido do autor.
E você, o que achou da série?
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